domingo, julho 30, 2006

 

You're No Fun Anymore

(Um homem no mastro principal é chicoteado.)
Carrasco:"... thirty-nine... forty. All right, cut him down, Mr Fuller."
Chicoteado: "Oh you're no fun anymore."



"Monty Python's Flying Circus"; temporada1, episódio7 "Camel Spotting/You're No Fun Anymore"; 30 de Novembro de 1969.

 

Ecce Homo



ECCE HOMO.
Eis O Original.

Pobre utente de uma sauna, que devido a brincadeiras entalou o brick in the wall.



Espera aí...
"Sauna"? Isto é um bocado gayish, não é?...
E se eu foses para a têvê tentar ganhar umas coroas com queixas de homofobia?!
Hummm...

 

Saudades... Tantas Saudades...


Ai que saudades eu tenho da Boa Sónia...

Da honestidade e da coragem sem máculas.
Ah, a Boa Sónia!

Num mundo de aparência e simulação...
Em que os que menos se espera se espraiam nos transformismos de saltinho e biquini... Escondidos atrás da moita, sem contar a absolutamente ninguém...
...É com ela que contamos.

Tantas saudades da Sónia.

 

Um Abraço no Fecho

Para alguém que respeito, fica um abraço no fecho.

O meu colega P.G.R.

(Não confundir com "Procurador-Geral da República"!).


 

O Porco do Senhor Narciso

O senhor Narciso era uma pessoa pacata. Não fazia mal a ninguém.
...Não que não lhe apetecesse.
Mas tal como falho de escrúpulos, faltava-lhe desembaraço e não era rico em recursos.

Não era de se calar, não.
Aliás, era um fala-barato. Falava mesmo demais.
Tanto, que se lá acertava, mais se ficava a dever ao milagre da estatística que a singelo raciocínio.

Gostava de dizer o que lhe ia na alma.
Naquelas ocasiões em que julgava sozinho que lá lhe ia alguma coisa.
Para dizer a verdade, não acreditava ter alma – e cuidava ter muito espírito...
Sempre dando a cara por aquilo que dizia, e gabando-se com orgulho da impunidade rústica com que sempre o fazia.

Nas horas vagas o Sr. Narciso resolveu dedicar-se a um passatempo sem dúvida insólito: criar um porco.
Insólito para os mais incautos; um pouco mais previsível para quem o conhecia e às suas inclinações.
Não era bem que pescasse da tal de “suinicultura”. Mas leu e releu almanaques, acabando por perceber quais as duas pontas do bicho: a da ração e a do perigo.
Pecuarista diligente, comprou um leitão por catálogo, encerrou-o no chiqueiro e nunca mais se dignou arejar a pobre besta.

Então, um belo dia, estava já o porco bem gordo e anafado...
(“Obeso” era o termo certo.
Das generosas lavagens que lhe sobejavam dos gastos e que deitava maquinal para a imunda alfurja.)
...entra em cena um mancebo, esbelto, valoroso e barbado, que vivia na paróquia ao lado.

Sabia, por conhecer a peça, que o bom do senhor Narciso não pensava senão no dia de resolver matar o bicho e saborear-lhe as febras e as belas costeletas do fundo grelhadas no carvão, sem ninguém a chateá-lo.
Sabia que aos seus cegos olhos, o ter sido criador da inocente bestiola não ia além da função do “Eu como, tu comes, ele come-se”.
Era essa a forma básica como o senhor via o mundo e ao impotente suíno nada restava esperar.

Por isso jurou a si mesmo que o bácoro monstruoso, antes de ser mantimento para papo ansioso, havia de conhecer, mesmo que só de passagem, o gosto de uma barrela, de uma mise e manicura.
Isso o moveu uma noite, arriscando a sua fama como reles invasor, o amor pela higiene de um porco sem asseio.

Deu-se que o senhor Narciso, vazando ao reco a lavagem que restara do seu dia, deu pela falta usual dos grunhidos sufocados.
E como zoófilo extremoso, a quem matassem a alma, em jura pífia e dramática, prometeu a si próprio que havia de apanhar o facínora, a besta imunda que lhe tinha roubado o porco.
Que o bom do senhor Narciso não tinha um vocabulário que fosse por aí além. O que nestas situações acabava por dar jeito...
Para si eram todos entre “facínoras” e “bestas imundas” (excepto o bom senhor Narciso, como era de prever), acumulando uns felizardos ambos os dois galardões.

Só que o abdutor de suínos não contou com a pancada.
A excepcional agudeza de espírito do lesado (de que a todos se gabava e que acabaria no fim por deslindar o enigma...).

Ele bem desconfiava de um vizinho dali ao pé. O Zé, que era carteiro.
Os indícios eram claros.
Para começar, era carteiro. E como o senhor Narciso odiava os carteiros!
Pista mais que valiosa! Primeiro tiro no alvo.
Depois, era um cobardolas. Ou pelo menos tinha cara. Dissera-lho o Serafim das mulas, que o tinha ouvido à tia Prazeres, a neta do sacristão, que tinha uma prima imigrada na Venezuela, que tinha namorado com o Alfredo, que tinha ido à tropa com ele...
“– Não, esse que foi à tropa com o Alfredo, foi o Vítor da Glória, que ficou sem uma mão na apanha da conquilha... Ou teria sido outro qualquer, pronto!, que diferença faz para o caso?...”
Segundo tiro no alvo.
Mais. O Zé era um saloio. Que morava na parvónia, e quem mora na parvónia tem queda para coisas destas.
(Para isso, ou suinicultura, conjecturaria o senhor Narciso essa noite deitado de costas no escuro na sua cama...)
Terceiro tiro em cheio.
O Zé carteiro sempre tinha sido, de facto, o seu principal suspeito.
Porque era carteiro e porque morava ali ao pé.
Nesta altura o senhor Narciso atrapalhou-se porque não sabia se havia de contar este como o quarto dos indícios, uma vez que ele não era senão a repetição do primeiro e do terceiro!...Mas lá por via das dúvidas, fez um grande quatro ao lado de “sempre... o principal suspeito”, nas costas da receita do remédio para a hipertensão, meio amarrotada, manchada e sem cantos, em que esgrimia com esforço a caneta de ferrolho para fazer nascer uma coisa parecida com uma lista.
Quarto tiro acertado.
E além do mais aquela barbicha de chibo e a reputação a condizer nunca o tinham enganado.
(As imagens zoomórficas que ocorriam ao senhor Narciso para ilustrar pensamento deviam-se a duas razões: 1ª o ser um rústico; 2ª a limitação vocabular que foi supramencionada.)
Quinto tiro. Porta-aviões!

E então o senhor Narciso gizou um plano genial: não fazer nada! (O que confirmava o extremado amor e empatia com o bácoro subtraído!)
Em vez de chamar a polícia ou de tomar atitudes mais drásticas, pura e simplesmente não disse a rigorosamente ninguém que lhe tinham roubado o porco.
Até porque, entre ir à sentina e voltar, uma lufada de vento lhe deitara pela janela o argumento e a prova da genial investigação.
Mal-empregadas garatujas que durante hora e meia agrediu para formarem linhas... cinco ao todo, e agora nada.
Como não tinha alternativa, calou-se muito bem calado e esperou pacientemente.
De vez em quando lembrava-se do raio do porco e de quem lho tinha roubado, e pensava: hás-de (com hífen) cá vir comer à mão, grande cabrão! (Imaginário zoomórfico, etc. e tal...)

O caricato da questão era que o porco nunca fora roubado. Ou, sendo mais rigoroso, nunca fora retirado da sua pobre morada.

O tal mancebo (sim, o esbelto, valoroso e barbado, que vivia na paróquia ao lado) apenas entrara à socapa no chiqueiro do porquito com upgrade de fossa, de balde em punho e esfregão de arame, para agraciar o pobre ser com uma descasca de crostas.
Ora, o bicho tanto gostou, que sucumbiu na esterqueira a sono celestial, não perturbado sequer pela descarga insalubre da ultrajante lavagem.
O que o bom do senhor Narciso evidentemente tomou como falta de comparência.

O que se passou depois, não foi bonito de ver.
Cumprindo a “alternativa” de “calar-se muito bem calado e esperar” (ou pelo menos de “esperar”, uma vez que, como ficou dito, “calar-se” estava além das capacidades humanas do bom do senhor Narciso), o furtado imaginário, barricado que estava nas suas incontestáveis “certezas” de delitos e culpados, não alimentou o porco, nem tão pouco foi ver dele uma larga temporada.

Ouviu então um grunhido. Certo dia a certa hora.
E correu para a estrumeira.
Abriu a porta de roldão e exclamou lapidar:”Ah, ah!...”
Assim ficou por segundos. De porta aberta na mão, olhos perdidos em nada, indiferente à pestilência do cheiro que libertara, à imundície escorrente entre os seus pés para a rua ou à eventual presença no meio da escuridão de um porco cujo grunhido o despertara do transe.
”Ah, ah!...” Repetiu triunfal, sem réplica, eco ou convicção. Sem crer a sério em resposta, mais cumprindo uma função.

Assim ficou uns segundos. Outros tantos. Para nada.
Rosnando só entre dentes “Meu dito; meu feito!”.

Nem sequer tinha passado muito tempo, quando o senhor Narciso se cruzou por mero acaso na rua com o tal esbelto mancebo, valoroso e barbado, que nem morava muito longe, vivia na paróquia ao lado.

Foi então que o mancebo (uma das tais “bestas imundas” que rodeavam o pobre como um mar a uma ilha que resiste intimorata aos ataques dos somenos) lhe perguntou com aquele sorriso das pessoas simples (“boçal” para o homem-ilha) “– Então senhor Narciso, como é que o seu porco se deu com a barrela que eu lhe dei?” Ao que o senhor Narciso retorquiu imediatamente: “– Eu hei-de apanhar a besta imunda! O bode chibo cabrão (ver Nota anterior) do Zé carteiro há-de pagá-las!”

...E cada um seguiu em silêncio o seu caminho.

Ao que parece a história não acaba aqui.
O senhor Narciso voltou para casa, retomando pelo caminho os seus devaneios gastronómicos.
Idealizava uma carne animada, alta e tenra, a saltar-lhe em pulo de arco das brasas para o bucho mortificado.
Desconhecia, porém, que a fonte da sua gula se encontrava moribunda.
Não se dera ao trabalho de saber do seu estado, nem então, nem antes, nem nunca, nem se propusera olhá-lo, mirá-lo, examiná-lo, após o furto inventado, pelo que tudo que lhe fizesse, tentasse ou quisesse fazer, não salvaria o animal da agonia negligente, gangrenosa e putrefacta.

O que era certo, certinho, é o que o cabrão do Zé carteiro, apanhado em flagrante em companhia da sua alvar imbecilidade, não teria tempo de fazer contas com o senhor Narciso e apagar o assunto definitivamente e de uma vez por todas da sua memória.
É que, segundo consta, o senhor Narciso tinha para estas coisas um mau feitio levado de um raio... E havia de levar a melhor.
Havia de sair por cima.

Nem que fosse às colheradas, estivesse ele como estivesse, havia de ser só ele a tomar o gosto ao porco.
E havia de fazer disso mais uma das mil histórias com que os tristes conterrâneos apanhavam ao saudá-lo com fastio nas ruas estreitas dessa vila suburbana.


segunda-feira, julho 03, 2006

 

Gueisice Global

Preparem-se, que vem aí.

Acabada a febre do Mundial de bola, as atenções desportivas do mundo viram-se para o Canadá.
De 26 de Julho a 5 de Agosto, teremos em Montréal os 1st World Outgames.

Sob o lema "REAL ATHLETES, REAL GOALS, REAL DREAMS" (aquilo é que é a sério!), os LGBTs de todo o mundo (para os mais ignorantes nestas coisas: lésbicos, gueis, bis e transcendentes) vão mostrar com quantas palhinhas se faz uma piroga.

Como se pode ler no site oficial do invento, os Outgames serão um toque a reunir de toda a fauna sexual global, convocando todos os que tenham dotes atléticos a exibi-los no Canadá.

Mas que não se pense que são apenas os Olímpicos da Desbunda. Com os LGBTs a abafar (salvo seja) as atenções.
A qualquer um, mesmo que não tenha uma sexualidade tão exótica é PERMITIDO (sim, o termo que usam é esse!) associar-se ao invento.

É claro que é um bocado como dizer "Estes são os Olímpicos dos Brancos, mas algum preto que se queira associar é sempre bem-vindo". Ou "Estes são os Jogos dos Inteligentes, mas os burros também cá podem passar". Ou "Estes são os Olímpicos dos Socialistas, mas os democratas-cristãos não são impedidos de se inscrever". Etc.

Certo, certo, é que "o desporto, a cultura e os direitos humanos" estão presentes e bem entregues nas mãos (mais) competentes dos LGBTs (malditos dos intolerantes que põem rótulos nas pessoas!...)
O que seria do mundo sem a sua guarda?

domingo, julho 02, 2006

 

Venha o Brasil

(Ou como acabou por acontecer: a França!)


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