domingo, janeiro 22, 2006

 

O Enigma Transparente

Cavaco ganhou.
Claro!

Ganhou porque as sondagens já o tinham determinado há muito tempo.
Ganhou porque não se armou em parvo durante a campanha.
Ganhou porque sabia (ou alguém por ele) quais os seus trunfos e as suas fraquezas e jogou-os bem.
Ganhou porque os seus atributos não eram tão imemoriais como os de Soares e as suas falhas tão recentes que fosse fácil reavivá-las.
Ganhou porque, ainda assim, mais gente na esquerda admite a sua competência, que na direita a competência de Mário Soares.

Mas não dá para disfarçar que a vitória se deveu à construção artesanal de um percurso político asséptico com momentos forçados pouco elevados - os episódios de cartazes PSD, as dinamitações precoces de Governos da sua cor partidária, etc.
Não se esquecerá que a vitória resultou de uma estratégia de mutismo absoluto em campanha eleitoral totalmente confrangedor.
Ou que a expressão das suas opiniões se restringiu ao mínimo indispensável, num tempo de debate.
Que a sua flexibilidade (física e fisiológica) precisa de um upgrade.
Ou que o seu contacto afectivo com o eleitorado... foi mais demonstrado em sentido inverso.

Numa circunstância histórica, a direita portuguesa elegeu o seu primeiro Presidente da República.
Com a enorme graça de ver a esquerda a ganir dos malefícios que daí virão. Fracos democratas.

Além disto, é esperar para ver.
Não foi sempre assim, com os outros?

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