domingo, janeiro 22, 2006

 

Soares Perdeu. O PS Perdeu.

Soares perdeu.
Muito.
E merece, o referencial da axiologia política portuguesa, o comentário de que, o que parece, é mesmo.

Uma candidatura que nasceu aos olhos de todos como uma facada nas costas de Alegre, uma escolha débil por falta de melhor no PS (cobardes como Guterres, Virtorino, Gama, etc.), que arrancou dos pressupostos mais desprezíveis do que é o PS - o combate chic em nome dos fraquinhos, a presunção do monopólio da virtude política, a mentalidade siciliana da veneração de uma figura tutelar superpoderosa no Partido e na Nação, A SUPOSTA DÍVIDA DE GRATIDÃO QUE GERAÇÕES A VIR DE PORTUGUESES DEVEM ETERNAMENTE AOS "PAIS DA DEMOCRACIA" SOCIALISTAS, refastelados na preguiça ética que ela lhes confere.

Soares concorreu.

E se ninguém teve a coragem de assumir que o senhor estava fora do prazo, eu não tenho culpa nenhuma.

Assente nos "tais" pressupostos socialistas inabaláveis, o PS contou com uma vitória contra toda a racionalidade, contra toda a lógica, contra todo o sentido mais básico de vergonha. Inclusive a vergonha de sujeitar a este número um octogenário trémulo, titubeante e errático, com uma noção questionável da gravidade da situação.
(Partindo do princípio que Sócrates não orquestrou este genocídio dos Soares abrindo caminho para si.)

Numa campanha que se perdeu desde cedo no devaneio, no ataque à personalidade, à integridade, à competência, à intenção dos concorrentes, que se perdeu na contestação da legitimidade eleitoral de terceiros, sobranceira, petulante e autoritária, que recolheu a evidente paga.

Soares perdeu.

Como não era hábito perder.
Mais que um lutador, Soares habituou-se (tal como o PS) a ver-se como um ganhador crónico e duvido que alguma vez tivesse posto a possibilidade de perder as eleições - pelo que nem a sua "coragem" está isenta de análise.

Hoje, para os portugueses que votaram, Soares não é metade da fracção daquilo que a História de Portugal lhe poderia por deferência reservar.
Em última análise, é esta a cara do PS de hoje, desarticulado, sem alma, calculista, que assim descarta à humilhação um rosto da sua essência, para o bem ou para o mal, talvez a mais relevante figura viva da história recente de Portugal.

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