segunda-feira, fevereiro 20, 2006

 

O Bêbedo Drogadão Tem Cem Anos de Perdão

São coisas do mundo...

Parece que a Irmã Lúcia levou uma centena de milhar a Fátima.
Parece que os Stones levaram um milhão à praia no Brasil.

Parece que a trasladação foi um ritual montado como espectáculo para a enchente de crentes.
Parece que o concerto foi um espectáculo montado como ritual para uma multidão de fãs.

Parece que estas coisas da religião são muito duvidosas nos benefícios que trazem a quem se aliena com elas.
Parece que estas coisas da pop são muito duvidosas no relevo que têm para o crescimento de quem se lhes devota.

Parece que a irmã Lúcia e os Stones são anacronismos gritantes, sustentados por saudosistas devotos, passageiros tripados de uma máquina do tempo que os protege em idas e voltas do contacto com um mundo em mudança voraz, por vezes triste e feio, que não suportam e em que não se enquadram.

Parece que, pela sua irrelevância para as gerações de hoje, estão todos já numa decomposição simbólica totalmente irreparável.

Contudo, e porque como dizia o filósofo "tudo é opinião", não há blogs a enfermar do milhão da praia do Rio, só os há da centena de milhar de Fátima.
Não os há a achincalhar a devoção pop de homens barbados, cristalizados na idade "dos posters no quarto", por ícones de consumo industrial transvestidos de produtos intelectuais. Só os há a achincalhar a devoção de gente plantada à chuva à espera de ver passar um corpo morto, em que adivinha uma mística que só ela mesmo descobre.

A diferença estará, afinal, no simples facto de ser muito mais cool um bêbedo drogadão que uma estucha de uma beata idosa reclusa num buraco mofado!


(...Não obstante o facto de que um desses "artistas" caído numa daquelas famílias recomendadas pelas melhores marcas de máquinas, antes levaria muitos murros no alto da cabeça para deixar de envergonhar as pessoas de bem, do que se lhe reconheceriam os "dotes geniais" tão apreciados pelo vulgo.)

Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?