domingo, março 05, 2006

 

A Coerência do Nómada

Era uma vez um senhor que, coitado, nasceu virado para a esquerda. (Sim, a esquerda mesmo a sério, não a "esquerda-faz-de-conta".)
E que, coitado, viu a sua vida a andar para trás quando vislumbrou que no seu País um Governo de direita poderia vir a ser eleito.

Então fez um ultimato aos seus concidadãos e jurou que, se tal visesse a acontecer, abandonaria a sua terra.
Mas aos seus concidadãos fez tanta mossa o ultimato que lhe concretizaram os negros receios... e lá vai ele porta fora aterrar no País do lado.

Da história exemplar aproveita-se a moralidade do "Quem Está Mal, Muda-se".

Não num sentido sectário do estarmos todos condenados a comer e calar no quotidiano "dos outros", sejam eles quem forem, sejam quantos forem, estejam errados ou não, desde que eles façam parte do grupo ascendente! Nada disso. Ou de monstruosidade semelhante.

Apenas no rigoroso sentido de que quem está tão mal, quem não consegue de todo conviver com uma realidade geneticamente incompatível, que se sente tão isolado num contexto que lhe é estranho, quem rejeita que os outros ajam livremente de forma diferente da sua e que isso viola a sua própria liberdade, quando a desproporção deste quadro social eu-outros cavalga a paranóia de haver "uma Sociedade" errada e "um Indivíduo" certo... tudo isto deveria fazer passar uma mensagem.
OU NÃO?


Ficam no final as pontas soltas da história exemplar do senhor nómada que se foi.
...Que acabou a receber com vénia, numa monarquia nórdica, das mãos de um comité autocrata, de uma sociedade tendencialmente suicida, um galardão que o catapultou para a fama e para os proventos.

Nunca se pode mesmo ter tudo.

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